Como Funcionam os Juros?
Diariamente ouvimos falar sobre juros. Algumas pessoas reclamam que os juros estão caros demais. Outras até dizem que a culpa do seu desequilíbrio financeiro é porque tem que pagar muitos juros.
Apesar de esse ser um assunto recorrente quando se trata de finanças ou de economia, percebo que muitas pessoas nunca entenderam realmente o que são e como funcionam os juros.
Por não compreenderem seu funcionamento, acabam tomando decisões erradas, que poderiam ser evitadas caso houvesse um melhor planejamento e controle financeiro.
Mas como funcionam os juros?

Como algumas pessoas costumam dizer que a cobrança de juros é, muitas vezes, injusta, acho interessante explicar de uma maneira rápida como realmente funcionam os juros.
Os juros, na verdade, são uma remuneração pelo dinheiro emprestado. Pode ser percebido também como o valor do dinheiro no tempo.
Para a situação ficar mais clara, suponha que você possui hoje R$ 1.500,00 que você juntou por um tempão para comprar aquele notebook novo que você tanto deseja.
Quando você está saindo de casa para ir para a loja comprar seu notebook, um grande amigo seu lhe liga, dizendo que precisa de exatos R$ 1.500,00 emprestados com urgência para terminar de pagar uma reforma que fez em casa e que não tinha se planejado corretamente para realizar esse gasto. Esse mesmo amigo diz que poderá lhe devolver essa quantia daqui a seis meses.
Antes de dizer ao seu amigo se pode emprestar o dinheiro ou não, você para um pouco para refletir sobre as seguintes questões:
- “Será que é justo eu adiar por seis meses a compra do meu notebook, que eu me esforcei tanto e abri mão de muitos outros gastos para poder comprá-lo?”;
- “Será que daqui a seis meses, o notebook que quero ainda vai estar custando o mesmo tanto, ou seu preço terá subido?”;
- “Será que esse meu amigo vai mesmo me devolver esse dinheiro no tempo combinado, ou daqui a seis meses poderá ter outra necessidade mais urgente que o impedirá de me devolver esse valor?”
Percebendo que você não estava com muita vontade de emprestar esse dinheiro, seu amigo resolve lhe fazer então a seguinte proposta: “Você me empresta os R$ 1.500,00 hoje e, daqui a seis meses, eu lhe devolvo R$ 2.600,00”.
Agora a história é outra! Se você emprestar a grana, vai ganhar uma diferença de R$ 1.100,00. Nada mal!
Então você conclui que, se adiar a compra desse item que você tanto deseja, daqui a seis meses, além de poder comprar seu notebook, vai sobrar R$ 1.100,00, valor suficiente para comprar alguns móveis novos que você também estava precisando.
Ou então, que poderá comprar aquele notebook muito mais moderno, no valor de R$ 2.000,00, e ainda sobrará R$ 600,00 para fazer uma viagem com amigos no feriadão.
Ótimo negócio!
Essa diferença de R$ 1.100,00 representa os juros.
Para ficar claro, é importante salientar que, nos juros, sempre estarão embutidos três aspectos: o risco de não receber o dinheiro na data combinada; a inflação (que é o aumento do preço geral dos produtos); e uma recompensa por se adiar o uso daquele dinheiro.
Nos bancos funciona do mesmo jeito!

Acho que o exemplo acima ficou claro para explicar como realmente funcionam os juros.
É importante esclarecer que os juros cobrados pelos bancos seguem exatamente a mesma lógica.
Quando você vai ao banco ou a uma financeira solicitar um empréstimo, essa instituição irá lhe cobrar juros para lhe emprestar esse dinheiro.
Para calcular o valor desses juros, são levados em consideração vários aspectos, inclusive aqueles citados no exemplo anterior.
A instituição financeira vai analisar primeiramente o risco de você não devolver aquele dinheiro.
Se você possui vários outros empréstimos que já comprometem grande parte de sua renda, ou se possui uma renda baixa, o que tornará difícil devolver o dinheiro emprestado, você será considerado um cliente de risco maior. Consequentemente, serão cobrados juros maiores, a fim de compensar todo esse risco.
O banco também vai levar em consideração a inflação. Se a inflação está alta, significa que aquele dinheiro perderá poder de compra no futuro. Para compensar essa diferença, o banco também irá embutir a inflação ao calcular os juros.
Assim, quanto maior a inflação, maior será os juros.
O banco também vai inserir nesse cálculo uma recompensa por estar deixando de utilizar esse dinheiro hoje. É o que chamamos de custo de oportunidade.
Ao invés de lhe emprestar o dinheiro, o banco poderia usar esse valor para outros fins, como, por exemplo, investimentos.
Desse modo, ele irá cobrar um valor que compense para ele não usar o dinheiro hoje.
Se o banco (ou alguém que lhe empreste dinheiro) pode aplicar essa grana e receber 12% ao ano de juros, por exemplo, não espere que a taxa que ele irá cobrar seja menor ou igual do que essa. Essa é apenas o custo de oportunidade.
Lembrando que junto ao custo de oportunidade, devem ser inseridos o risco e a inflação. Com certeza as taxas não serão nada baixas!
Quem paga juros paga o pato

Certa vez, vi um economista falando em uma entrevista: “O mundo pode ser dividido em dois tipos de pessoas: as que pagam juros e as que recebem juros. Adivinhe quem são os mais ricos!?”.
É exatamente isso!
Ao pagar juros, você está pagando por uma coisa que não deveria. Ou pelo menos não necessitaria, caso tivesse feito um bom controle e planejamento financeiro.
No exemplo que dei sobre a compra do notebook, você estará sendo beneficiado por adiar suas recompensas.
Investindo seu dinheiro com sabedoria e tendo paciência para adiar suas compras ou prazeres imediatos, você terá capacidade de usufruir aquele dinheiro de uma maneira muito melhor num futuro. (no exemplo dado, quem soube esperar para comprar o notebook, conseguiu de brinde alguns móveis novos, ou conseguiu comprar um notebook muito melhor e ainda sobrou dinheiro para viajar com os amigos).
Já seu amigo estará pagando o preço (juros) por não ter feito um bom controle financeiro, ou por não saber esperar para gastar quando tiver melhores condições.
Ele quem vai pagar o pato!
Em casos maiores, como a compra de uma casa ou de um automóvel, às vezes é necessário e, de vez em quando, até vantajoso pagarmos juros. (esses casos serão abordados futuramente em outros posts).
Mas quando se trata de gastos comuns ou mais corriqueiros, certamente pagar juros é a pior escolha e é resultado da falta de controle ou de paciência para gastar quando se pode.
E você? Gostou desse post? Deixe seu comentário!
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